domingo, 7 de outubro de 2018

Escolhendo


O universo da cachaça e da música brasileira se caracterizam pela diversidade. Refletem a imensidão de um país muito, muito grande.
Na música temos uma produção regional que ao contrário do que muita gente pode pensar, é intensa e diversa. As novas formas de divulgação musical (streaming) comprovam um pouco isso, mesmo sabendo que boa parte de nossa produção ainda não chega  nas redes digitais.

Na cachaça algo que apresentou muito de nossa diversidade é a ferramenta das cartas de cachaça dos estabelecimentos que servem esta bebida.

Os mais indecisos podem ficar minutos debatendo com colegas de mesa  aquela que vai ser a escolhida, para aquele momento, para aquele encontro.

Os amigos que se iniciam neste universo pedem indicações e mesmo os mais experientes quando encontram um grande amigo conhecedor aceitam sugestões, afinal, experimentar é importante.

Vez ou outra decepções  e grandes surpresas positivas...faz parte das escolhas.

Devemos respeitar o perfil sensorial das pessoas, mas é muito importante que mesmo estas que já vem com um discurso pronto, saibam relativizar. Mas o que seria o discurso pronto?

“boa mesmo é a de carvalho”, “ as melhores são de Salinas”, “os blends são sempre melhores”, “nem discuto sobre umburana”,  “se não for branca não é cachaça”" Cachaça do Rio Grande do Sul têm tradição?"... e por aí vai.

Na música temos coisas parecidas: “música clássica não é pra mim”, “funk não é música”, “detesto pagode”e por aí vai.

É muito importante procurar entender porque gostamos e não gostamos de uma determinada coisa, isto faz parte do auto-conhecimento, do amadurecimento da leitura de mundo, do tempo em que vivemos e do mundo em que vivemos. Se lembra da primeira vez que experimentou umburana? da primeira vez que que provou o Jambu? Se lembra da primeira vez que escutou Jimi Hendrix? e Jackson do Pandeiro? e as bachiaanas do Villa?

Ressalto que mais importante que qualquer escolha, preferência, ou gosto mesmo, o mais precioso, é poder fazer escolhas. É poder “conversar ao invés de se exaltar”, mas ter a liberdade de escolher aquela dentre várias, seja na música seja na cachaça pois sabemos que não ter a possibilidade da escolha é algo que tende a já começar amargo demais e com um “day after” de ressaca, forte como tudo que nos é imposto.

Thiago Pires