Já devendo há muito algum comentário sobre "Tio Anastácio" vou aqui tentar discorrer breve histórico desta que é a primeira Cachaça de alambique da região dos lagos ou costa do sol e da qual sou o autor.
Depois de conseguir um destilador em um antiquário de Nova Friburgo, fiquei matutando da possibilidade daquele equipamento produzir cachaça de qualidade. Se trata de um raro " Tromba de Elefante" , muito comum no norte de minas mas cada vez mais difícil de se achar. Este tipo de equipamento é utilizado ainda por alguns produtores como Artista/ Anísio Santiago/Canarinha...(Salinas) e se caracteriza pela facilidade de funcionamento, mas talvez seja o equipamento que mais exija do alambiqueiro habilidade na hora dos cortes de Cabeça, Coração e Cauda. Frequentemente estes equipamentos não possuem serpentina tendo sua condensação no Capelo.
Depois de encontrar um outro louco que comprou a briga (grande Moraes, Gaudério velho de guerra como seu Jeep), iniciei em 2006 minha primeira experiência, tendo lido bastante, mas sem experiência prática alguma. Visitar os alambiques, conhecer os equipamentos, degustar as Cachaças é uma coisa. Ir ao canavial, iniciar a fermentação e destilar em um equipamento sem Termômetro é outra coisa bem diferente. Meter a mão e fazer direito exige doação.
De 2006 até hoje muita coisa mudou. Os primeiros anos não produziram boas Cachaças. O equipamento possuía uma coluna muito pequena. Portanto as modificações que fiz foram mecher no tamanho da coluna (quase dobrei o comprimento), coloquei pratos de cobre para aumentar o refluxo, um termômetro na panela e aí sim as coisas começaram a melhorar. Para se ter uma idéia em 2006 a cabeça da Cachaça saía com 40%gl, depois das modificações, tive destilações que chegaram a começar com 70%. Isto me permitiu definir muito bem o que era cabeça, coração e cauda.
Ainda hoje(literalmente pois estamos alambicando!) a Cachaça é feita neste equipamento que por destilação produz no máximo 5lts de Cachaça boa.
A experiência de produzir Cachaça em Saquarema , desmistificou aqueles que defendiam que a terra de lá não produziria Cachaça e com toda modéstia me sinto resposável por levar novamente(esta região já produziu Cachaça) a produção de Cachaça artesanal à este município, tão carente de investimentos rurais. Ainda esbarramos em problemas como falta de mão -de -obra, incentivo das secretarias de agricultura(como é difícil conseguir um trator ali!), as queimadas, que destruíram o nosso canavial plantado coletivamente em 2007 e que nos fazem comprar cana, mas acredito que já é um começo.
Quando criança costumava ir à Iguabinha, para a casa de uma tia(o grande coração da família Pires...carinhosamente...Tia Glorinha). Passei ótimos momentos da minha infância naquela região, e depois de alguns anos quem diria... passei a pegar a serra (Serra do roncador em sampaio corrêa) para ir produzir Cachaça a sete quilômetros de Araruama.
Algumas pessoas acompanharam e acompanham esta briga desde o início, à estas meu profundo agradecimento em nome da Cachaça Tio Anastácio, orgulhosamente a primeira Cachaça de Alambique da Região dos Lagos ou...Costa do sol.
Thiago Pires
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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