terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O Atelier de Gilberto Guimarães



Antes que deixemos passar 2018, tenho o dever de compartilhar uma experiência musical com os leitores.

No universo da cachaça este canal digital foi o primeiro a abordar uma matéria sobre uma cachaça armazenada em barris de jaqueira. Escrevemos sobre esta madeira quando visitamos a cachaça Matriarca produzida nos limites de Medeiros Neto e Caravelas no extremo sul da Bahia.

Na mesma região, em andanças por Teixeira de Freitas pudemos conhecer o Luthier Gilberto Guimarães um artesão de instrumentos musicais de corda. Antes é preciso sensibilizar o leitor sobre esta arte e este universo.

Quando você quer comprar um violão, uma viola de dez cordas, um cavaquinho ou mesmo um violino você vai aonde? Muitos responderiam em uma loja de instrumentos musicais. Pois bem, se por um lado as lojas atendem a um público que está geralmente interessado em instrumentos de nível iniciante, os profissionais mais exigentes não costumam achar nestas lojas instrumentos de alta performance e assim procuram construtores de instrumentos, os luthiers. A arte da construção de instrumentos de madeira é muito antiga, portanto aos mais interessados vale uma pesquisa mais aprofundada nas raízes árabes/europeias.
Bancada da oficina do Sr Gilberto Guimarâes




 Mas o que seria a alta performance em instrumentos de corda?
Instrumentos que oferecem maior projeção sonora, mais riqueza de timbres, maior sustentação do som das cordas, maior compatibilidade com o gosto do artista (mais agudos, mais graves...), maior ergonomia pois é necessário que o instrumento seja confortável no tocar(alguns chamam de tocabilidade) e maior exclusividade no acabamento estético.


O Luthier é responsável por entender um pouco o gosto do artista, o que seu repertório sugere e assim numa parceria produzir algo que atenda ao nível buscado pelo músico.
Muitos podem perguntar: mas sendo a temática deste canal a música e a cachaça, isto teria alguma relação com cachaça?

Pode-se dizer que os brasileiros têm alcançado destaque no cenário dos luthiers internacionais e um pouco disto está relacionado com o fato de conhecerem madeiras que o mundo ainda não conhece, além de estarem desenvolvendo inovações no quesito construção. Temos uma referência mundial que é o Jacarandá e suas variações das quais o Jacarandá da Bahia é considerado o que de melhor temos no mundo de madeiras para construção de laterais e fundo de instrumentos de cordas, ou seja a variedade de madeiras não é exclusividade só do universo da cachaça. A necessidade de discussão do manejo e preservação de algumas espécies é outro assunto comum. Nem vou entrar no mérito de dizer que a arte dos luthiers brasileiros é ainda desconhecida de muita gente, um pouco o que acontece no universo da cachaça quando temos que explicar a diferença das produzidas em colunas de aço inox para as feitas em alambiques de cobre, por exemplo.

Nomes como os de Shiguemitso Suguiyama, Sérgio Abreu, Lineu Bravo, “Du Souto”, Jó Nunes, Rogério Santos, Vergílio Lima , Antônio de Pádua, João Scremim dentre outros têm sido responsáveis por colocar o Brasil, as madeiras brasileiras, os músicos brasileiros e a música brasileira em local de destaque.


Compartilho portanto a ida à oficina de Gilberto Guimarães, e aos poucos compartilho vídeos de outros construtores, não feitos por mim, mas que disponíveis na web, apresentam o trabalho desses artistas e artesãos brasileiros, ainda pouco conhecidos em sua própria terra.


3 comentários:

  1. Muito bacana está arte de fabricação de violões
    Tipos de madeiras

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  2. É meu camarada. A imburana já sempre foi utilizada para rabecas e violas no jequitinhonha. O cedro, orelha de onça, imbuia...Jó nunes aqui no RJ faz violões com fibra de bambu..


    acho que ainda temos muitas possibilidades de madeira para cachaca.

    Fico feliz por sua visita por aqui. Cumpadi. E compratilhe conosco suas experiências com madeiras. Sei que tu não é fraco não, nesse quesito.
    Abraço forte como cachaça.

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