terça-feira, 6 de abril de 2010

Enchente

Este poema deve ser de 2000 ou 2001, não tenho data certa, mas sei que foi feito numa dessas tragédias ocasionadas pela chuva da qual o Rio é personagem conhecido.

Enchente


Cheiro de tinta guaxe
Vou pintando um índio Apache
Ou então Tupiniquim

Sabor de terra molhada
Um céu pesado de água
É a Chuva no jardim

Um vento de arribar cabelo
Voa saco, cobre o espelho
Que vem raio ó menino

Pego o pão na padaria
Mais um saco de farinha
Viro mago de cozinha

Na tv cai um barraco
já não causa mais espanto
e a imagem fica ruim

Uma cidade de papel
quem desaba não é só o céu
Nas águas, nos olhos...
De um Rio sem fim.

Thiago Pires

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