quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A Minas de Andrelândia/ Me Leva


Há muito tempo ouvia falar de Andrelândia. Lindalva e Paulo além de tios de Jaqueline são verdadeiros embaixadores desta cidade. Jaqueline sempre trouxe lembranças infantis de mesas fartas, queijos, pães (pães de queijo), biscoitos e do mel. Com tanta mineiriçe para conhecer rumamos pra lá.
O caminho não é tão desconhecido. Fomos por Volta Redonda e no percurso cidades como Santa Rita do Zaru ou mesmo o acesso a Santa Rita do Jacutinga e Rio Preto (depois de Valença-RJ) nos mostram a proximidade do sul fluminense com Minas, na paisagem, no sotaque e nos sabores.
Andrelândia é uma típica cidade do interior de Minas. Uma igreja da Matriz, uma igreja de Nossa Senhora do Rosário, uma praça com alguns cachorros soltos, pequenos bares, cerveja gelada, preço honesto, gente acolhedora e tranquilidade. Tudo isto com direito à um Cristo Redentor no ponto mais alto da cidade. Não deu nem para sentir saudade do Rio (principalmente pelo calor que fazia naquele fim de semana no Rio).

Para se sentir em casa

No universo da cachaça Andrelândia é discreta e autêntica como um bom mineiro. A cachaça mais conhecida é a “Serra Azul” que é muito bem distribuída nos principais pontos de venda da cidade. Fomos ao principal supermercado de Andrelândia e lá encontramos a “Serra Azul” na entrada do estabelecimento. Além das garrafas de 700ml, nas versões prata e carvalho, encontramos duas versões que chamaram atenção: uma em garrafa pet de 250ml com rótulo de Serra Azul, chamada de meiotinha, a outra uma versão em garrafa pet de dois litros sem rótulo, mas de mesma origem. Esta última se achava tanto na gôndola do supermercado quanto em um Stand da própria Serra Azul. A de dois litros, mesmo sem rótulo, tinha todas as informações estampadas em um laudo laboratorial onde além das informações básicas de graduação alcoólica e procedência, possuía também as informações técnicas de acidez volátil, índice de cobre, compostos secundários, aldeídos, entre outros.


A meiotinha
Stand da Serra Azul em supermercado local

Geralmente não se recomenda a aquisição e consumo de cachaças sem rótulo, mas, nesse caso, além de sabermos a procedência, tínhamos muito mais informações que o habitual. O laudo laboratorial exposto ao lado do produto no supermercado dava confiabilidade àquela cachaça. Esta prática pode ser uma alternativa local aos custosos procedimentos de registro da cachaça junto ao MAPA. Lembro que este registro é condição legal para comercialização do produto. 


Laudo laboratorial Serra Azul
Outro elemento interessante da cultura dos andrelandenses que me identifiquei foi o fato deles beberem cerveja acompanhada da "meiotinha”, a pequena garrafa de 250 ml que custa R$5,00 nos bares (preço de uma única dose em uma cidade como o Rio de Janeiro).  Cinco doses de 50 ml pelo preço de uma! Em tempos de vodcas de péssima qualidade habitarem as mesas de bar em cidades do interior, esta acaba sendo uma forma de prestigiar o produto local. 
O exemplo da meiotinha serve ainda para relativizar a imagem que temos do uso de garrafas pets para o armazenamento de cachaças. Considerando que o álcool é corrosivo e, justamente por isso, é tradicionalmente vendido em embalagens de vidro, o setor de bebidas tem desenvolvido embalagens plásticas para armazenamento de cachaças por períodos curtos, como no caso da meiotinha.
Paulo, nosso anfitrião, fez questão de nos levar ao alambique de outra cachaça produzida pela pousada dos Querubins: "Me Leva" Chegando lá fomos muito bem atendidos por um simpático e atencioso senhor que minha péssima memória não registrou o nome.  Este senhor nos apresentou o alambique que, segundo ele, já possui tradição na produção, mas que fora movido de outra localidade. Ainda assim preservam o mesmo rótulo que possui o design e nome de rótulos antigos. 
Cachaça Me Leva
No fim do dia, as escuras nuvens se transformam em chuva forte de lavar os cantos da rua de pedra. A informação de que Andrelândia é campeã de incidência de raios (mais que  a famosa vizinha Ibitipoca) nos prende em casa para um café e um baralho intercalado por roncos de trovão. Lembrei  das épicas chuvas de janeiro nas férias de infância no interior do Maranhão. Passada a chuva, a vez da passarada anunciando o dia de sol seguinte.  
Sol, chuva, pingos e pingas, comida e gente amiga. Andrelândia é  para voltar. Agradecimentos à Família do Paulo (irmãos e mãe), Jorge Lucas, Nathalia, Nicolas, Lindalva e Jaqueline.

Rádio histórico da família Almeida
  

4 comentários:

  1. Saudações, Confrade!
    Lindo o relato. Sua narrativa sempre me leva a pegar uma carona nas suas viagens. Senti" o cheirinho da cachaça, do café e da terra molhada. Viva Analândia!
    Forte abraço.

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  2. Bom dia

    Gostaria de saber se as cachaças sabores ou licor de cachaça não sei que nome dão são feitos ae na cidade. Meu e-mail é rafamorelo@oi.com.br Obrigado

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    1. Não sei lhe informar quanto aos licores.
      Conto com sua compreensão por não ter respondido antes.
      Acompanhe nosso trabalho pelo perfil Musicachaça no Facebook.
      Obrigado por sua visita.

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