Silva Jardim na rota turística Fluminense |
Este blog se propõe a promover não só a música e a cachaça de alambique.
Na verdade estamos falando de cultura brasileira. Junto com a música e a
cachaça acabamos promovendo as diferentes regiões de nosso imenso país.
Um tema que deve que ser mais considerado na agenda dos administradores
públicos, secretários de turismo, eventos, cultura, é que a cachaça e a
música promovem o turismo.
O turismo de alambique já é praticado em diversos locais do Brasil como
nas rotas mineiras (Estrada Real, Serra da Moeda, Salinas), nas Gaúchas e mesmo
em locais como a chapada Diamantina na Bahia. Talvez a cidade de Paraty seja um
ótimo exemplo de como o poder público pode ser um aliado em promover o turismo
de alambique.
Na maioria dos casos este turismo não é sistematizado junto com o poder
público, o que que poderia alavancar ainda mais o desenvolvimento humano das
regiões (mais postos de trabalho, mais infra- estrutura, mais promoção...)
Antes de falar dos equipamentos da Tapinuã entraremos na seara de
apresentar a cidade de Silva Jardim.
Pedalando da BR101
No ano de 2015 tivemos a oportunidade de viajar de bicicleta de Rio
Bonito a Aldeia Velha, distrito mais conhecido por seu turismo rural, suas
cachoeiras, e pela cena de Forró, Reggae e Rock que tem se desenvolvido na
região. A cachaça " da viagem" foi a Tapinuã que consegui
encontrar no bar do "Linguiça" que além de dono de bar é
informalmente um pouco "Centro de informações turísticas de Aldeia
Velha" para quem chega no vilarejo.
E naquele bate-papo descomprometido ficamos sabendo muita coisa de Silva
Jardim. Ficamos sabendo da trilha que liga Aldeia Velha ao encontro dos
Rios em São Pedro da Serra (Friburgo). Ficamos sabendo da produção de Palmito
Jussara e principalmente o Pupunha, sua imensa reserva de Mata Atlântica e o
trabalho de conservação da espécie Mico Leão Dourado outrora quase extinto.
É desta forma que peço a você leitor que dê um confere no vídeo
institucional da prefeitura de Silva Jardim (2014) de promoção do turismo na
região. Tenho certeza que você degustará esta matéria com outros olhos.
Instalações de Equipamentos
As instalações da Tapinuã dos Reis As instalações da Tapinuâ) confirmam sua vocação
de empresa familiar. Paulo da Tapinuã, engenheiro aposentado adquiriu a
propriedade com um amigo e ali montou uma pousada de turismo rural. Como bom
mineiro (Itajubá) cultiva os valores regionais de doces feitos com frutas da
propriedade, um queijo regional e obviamente cachaça.
Projeto aproveitando o relevo do terreno |
O engenho é todo construído em gravidade. Possui um destilador de fogo
direto (Sta Efigênia de coluna e deflegmador) adaptado para um fogareiro a gás.
Panela de 200 lts de cobre com pré aquecedor.
Paulo nos contou que depois que o fiscal do MAPA orientou que fechasse o espaço da destilação optou em utilizar fogo do botijão à gás que passou a compensar já que com este
obteve maior controle do aquecimento da panela. Adaptações de cunho prático para preservar o corpo já que o trabalho com a lenha é bem cansativo (principalmente para a coluna).
Sua safra geralmente dura três meses , chegando a dar três alambicadas
por dia e sua capacidade de produção é em torno de 10.000 litros por ano de
cachaça padronizada para 40°gl. Embora
pequeno o projeto é bem funcional.
A justificativa para seu rendimento também está no fato de padronizar o brix de
fermentação em 18° e controla-lo em no máximo 8° dentro da
dorna. Sendo assim produz pouco mais de vinte litros por alambicada.
Matéria – Prima e Moagem
Paulo possui canas que conseguiu com o SNA (Sociedade Nacional de
Agricultura) via sindicato rural em Cordeiro na serra fluminense. Ainda não é
auto - suficiente tendo que complementar sua produção com cana de produtores de
Silva jardim .
Armazenamento
Cachaça Ouro premiada em Concurso antes de ter Registro no MAPA |
Sua adega é simples com capacidade de armazenamento de 14.000lts no aço
inox e nas madeiras possui a presença
exclusiva do carvalho (15 barris de 200tls).
Padronização do teor do Alcoólico
Caro leitor você não imagina a
dificuldade que foi chegar a um consenso em relação a este item. Segundo Paulo é impossível que uma safra sua seja absolutamente igual a outra. Exemplifica que a cachaça muda constantemente porque ele mesmo têm procurado melhorar sua produção ano a ano. Portanto ele o termo identidade ao invés de padrão.
Uma característica chama atenção: O sítio Tapinuã possui grande oferta de água (tem uma pequena queda d’agua dentro da
propriedade) e é desta que utiliza para "padronizar" seu destilado tendo a branca
43°GL e a amadeirada (envelhecida) 41°GL.
Degustação
Branca
Possui uma característica marcante no paladar: Na minha análise um
ligeiro mineral. O doce da matéria prima está presente tanto no nariz como no
paladar com uma lembrança floral que perde para um acético. Em algumas
degustações mais técnicas que fiz pude perceber a referência de melado de cana de
açúcar . É bem coerente do olfativo para o paladar. Visualmente não apresenta
persistência de borbulhas. Acidez controlada no sensorial com baixíssima acidez
pela análise química.
Ouro (carvalho)
A referência do tabaco, do defumado são bem intensas. O baunilha sugere
até mesmo um chocolate ou calda de doce com canela. Bala toffe de café. Aos que
gostam de amadeiramentos intensos eis uma boa opção. Acidez controlada e bem
agradável. Foi a que mais bebi em nossa visita. Apesar de preferir as brancas,
a umidade da chuva, o tempo mais frio foram convidativos para o carvalho.
Fermentação
Utiliza de fermento Fleischamn para iniciar o processo e posteriormente
continua apenas com as leveduras predominantes do meio.
Próximo Capítulo
Acredito que já conseguiram pegar o espírito da produção da Tapinuã. Na próxima postagem falaremos bastante de fermentação para posteriormente apresentarmos nossa experiência.
Como começamos este capítulo falando de turismo de alambique seguem algumas imagens da pousada da Fazenda Tapinuã que como diz o Paulo tem a cachaça à disposição dos hóspedes.
Quer motivo melhor para conhecer?
Nenhum comentário:
Postar um comentário