De Barris e Tambores
A relação destes dois objetos sempre foi muito próxima.
Certamente alguns dos primeiros tambores vindos da Europa, África ou feitos aqui mesmo,
eram barris adaptados. De fato nada melhor que levar um som com o que sobrou da
bebida...
A música
necessariamente fez parte da rotina das primeiras embarcações. São frequentes
as representações de paisagistas do período da colônia retratando os tambores
feitos de barris. Os nativos se utilizavam principalmente de troncos para os
seus tambores.
Quando se fala de
música maranhense a primeira lembrança que temos é o Bumba- meu-Boi (não
confundir com o Boi-Bumbá do Pará). Os grupos folclóricos que produzem a festa
do Boi (durante o período dos festejos juninos) possuem peculiaridades como diferentes
acompanhamentos rítmicos (sotaques) que variam de região para região (Boi da
Baixada, Boi da Madre Deus, Boi Barrica, Boi de Morros...), instrumental que
vai desde uma orquestra de sopros (fanfarra) aos grupos que tradicionalmente se
utilizam do banjo como instrumento harmonizador e acompanhador.
Como não vamos falar
do Boi, prefiro não me alongar. Lembro que boa parte das células rítmicas
presentes no folguedo do Boi dialogam com Tambor de Crioula, mais uma
manifestação de matriz africana que chegando no Brasil sofreu a influência e
influenciou outros gêneros, europeus e nativos.
É importante registrar que o Maranhão recebeu em suas terras negros de diversas regiões da África: Guiné, Costa da Mina/Forte de El Mina (costa leste do castelo de São Jorge da Mina atuais repúblicas de Gana, Benin, Togo e Nigéria), mais conhecidos como negros mina-jejês e mina-Nagôs. Esta diversidade permitiu que algumas manifestações culturais fossem praticamente únicas do Maranhão, apesar de semelhanças com manifestações folclóricas de outros estados .
Cabe também não
confundir o Tambor de Mina com o Tambor de Crioula. Apesar de serem genuinamente
maranhenses, o primeiro é uma manifestação essencialmente religiosa e
frequentemente associada aos terreiros, com a ocorrência de transes. A segunda
também possui o apelo religioso (muitas rodas de tambor de crioula são feitas
em louvor a São Benedito ou outro santo como
pagamento de promessa), mas não se caracteriza apenas religiosamente pois
aborda outras temáticas , podendo em uma roda de tambor de crioula haver duelos
entre cantores versadores (a exemplo do que ocorre no jongo), temas satíricos, dentre outros. Muito da confusão entre estes
dois exemplos vem de semelhanças como a predominância de mulheres na
organização, na dança( só as mulheres dançam em ambos exemplos) e na música ( são os homens que geralmente
executam os tambores).
É interessante apontar que estas são manifestações que assim como no Candombe Mineiro( não confundir com o Candombe Uruguaio), no Candomblé, no Jongo, os protagonistas são os tambores, que em vários exemplos de origem africana são responsáveis por “ligar” os guias espirituais às cerimônias através de seu som e toques.
É interessante apontar que estas são manifestações que assim como no Candombe Mineiro( não confundir com o Candombe Uruguaio), no Candomblé, no Jongo, os protagonistas são os tambores, que em vários exemplos de origem africana são responsáveis por “ligar” os guias espirituais às cerimônias através de seu som e toques.
Estivemos no espaço
cultural de Mestre Amaral em janeiro deste ano de 2013, sob recomendação do
“corintiano- A Maquina” vendedor de Cachaças e batidas mais conhecido do
mercado da Praia Grande e talvez da ilha. Ao que parece o espaço de Mestre
Amaral ainda não é tão conhecido, mas pela receptividade deste e de todos,
certamente está reservado a ser um importante ponto de cultura de São Luís (
fica bem pertinho do palácio dos leões no centro histórico).
Fica aqui meu
agradecimento a : Jaqueline Luz pelas imagens, Hindelino Pires e Glória
Fontenelle pela ótima companhia. A Mestre
Amaral que é desses homens de fala mansa, sorriso iluminado, bom de prosa e que
sabe receber o visitante. Confesso que ainda não tinha visto uma devoção tão grande a
São Benedito.
São Benedito, padroeiro da cachaça. Ao que
parece há mais proximidade entre tambores e barris do que sugere nossa vã
filosofia.
Muito bom! Parabens e obrigado, to indo pra lá em junho fazer uma pesquisa para um trabalho sobre a cultura local, depois quero umas dicas de onde visitar! continuo aqui de olho nos proximos! Abraá
ResponderExcluirEspero escrever sobre outros tambores. No dia que estava no mestre amaral, foi o dia que você e Lolê me ligaram. Vibe total. Mestre Amaral também conhece o pessoal do "açude", uma vibe realmente muito forte.
ExcluirSe puder passa o São João lá.(24 de jun)
ExcluirParabéns! Bela apresentação.
ResponderExcluirUnidos beberemos,
sozinhos também.
Sempre!
Forte abraço
Muito Obrigado. Esteja sempre á vontade para prestigiar as materias
ResponderExcluirUm brinde ao Mestre Amaral, aos tambores de Crioula, ao seu artigo que me tirou um pouco da total ignorância e a nossa maravilhosa cultura ! Cultura de muita personalidade.
ResponderExcluirParabéns, Thiago.
Abraço.
Muito obrigado fiel apreciador. Abraço forte como Cachaça.
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