quarta-feira, 14 de março de 2012

Dois anos do Musicachaça

Musicachaça dois anos
Hoje o Blog Musicachaça faz dois anos. Dois anos que ganhei este presente. Jaqueline, minha companheira, me surpreendeu quando pegou o computador e disse: “ Deixa eu te mostrar teu presente”. Aquela bela interface do blog que para mim era inusitada e cativante como a própria Jaqueline, me deixou fascinado.
Apanhei( e quem disse que ainda não apanho!) muito para fazer as primeiras postagens, colocar junto com ela (mais uma vez a Jaque!) os primeiros vídeos e imagens que não têm a pretensão de ser uma referência oficial, mas simplesmente o compartilhamento de experiências no âmbito da Música e da Cachaça, duas coisas totalmente cativantes das quais me orgulho de viver intensamente.
Agradeço imensamente a todos aqueles que de alguma maneira participam destes dois anos, comentando, somente lendo, ou como a maioria diz: “...Pode deixar que vou dar uma olhada...”. Sei que mais cedo ou mais tarde passarão por aqui. Entre uma leitura ou outra, numa madrugada destas pegarão uma dose de cachaça e vão nos conhecer. Lembro que seja o que for...com Música é sempre melhor! E que fico muito feliz com a visita de cada um, principalmente daqueles que deixam seus comentários.
Mais uma vez a todos o meu sincero agradecimento.
Thiago Pires

sexta-feira, 2 de março de 2012

Terroir na Cachaça

Minha opinião quanto ao uso do termo Terroir para a Cachaça:
Frequentemente degusto na forma de estudo, cachaças de uma mesma região para saber a possibilidade de uma ser parecida com a outra. Para tentar ser o mais imparcial faço isto sobretudo com cachaças brancas. Colocarei aqui alguns apontamentos que podem ser conteúdo de estudos de outros interessados no assunto e me disponibilizo para troca de informações.
Neste momento por exemplo, estou estudando as cachaças brancas da Paraíba. São elas: Volúpia, Serra limpa, Rainha, Engenho São Paulo, Alegre e Caninha do vovô, esta última sem registro e da cidade de Alagoa Nova. Algumas destas cachaças possuem "ligeiras" semelhanças quando comparadas com cachaças de outras regiões do país. Algumas destas semelhanças também podem ser encontradas em cachaças do nordeste, como a Engenho Água doce(Vicência-PE), Nem Pensei (Ipojuca-PE) e Triunfo( Triunfo-PE). De comum na minha opinião sobretudo um acético agradável. Um acético que em alguns casos como no da Volúpia chega a esbarrar num Floral. Este acético também aparece em cachaças da Bahia. Portanto,na minha opinião há uma tendência ao acético percebido nas cachaças do nordeste ser diferente do percebido nas cachaças do sudeste. Como disse estou estudando estas cachaças e ainda possuem outras características,mas o estudo ainda não está completo!
Outra experiência foi feita com cachaças brancas de uma pequena região entre Mendes, Vassouras e Barra do Piraí no sul do estado do Rio.
Utilizei a Cachoeira de Cachaça, a Carvalheira, a Barrinha, a Colonial Brasil e a Magnífica esta última infelizmente não era branca mas sim a de IPÊ.
Os equipamentos de destilação utilizados pela magnífica, Carvalheira e Cachoeira de Cachaça, possuem praticamente o mesmo modelo( feitos pelos mesmos artesãos), e coincidentemente ou não achei pequenas semelhanças principalmente no olfato. Deste estudo, interessante foi ver a semelhança entre a Cachoeira de Cachaça e a Barrinha, relativamente distantes e se utilizando de equipamentos que são bastante diferentes. Mesmo assim para confundir as coisas a Colonial Brasil não dialogou com as demais cachaças. Mesmo sendo uma ótima Cachaça, as suas características de paladar e olfato, não foram percebidas intensamente nas demais.
Por último gostaria de relatar um estudo sobre as cachaças de Paraty. Utilizei Coqueiro, Corisco, Maré Cheia, Engenho D'ouro, Mulatinha, Engenho Pedra Branca e Maria Isabel esta última de jequitibá.
Algumas cachaças até guardam algumas semelhanças como a Corisco com a Coqueiro de Garrafão que é vendida nos bares da região, mas quando comparadas com a Pedra Branca ou mesmo a Mulatinha, o que se observa é que existe uma complexa diferença entre elas. A Maré cheia com a Engenho D'ouro também encontrei pequenas semelhanças, mas muito insignificantes ao ponto de identificar a cachaça como sendo de Paraty. Neste sentido, é importante lembrar que uma ótima cachaça como a Pedra Branca em nada lembra o que se estabeleceu como símbolo da cachaça de Paraty (forte), já que possui 40% Gl e possui baixa acidez, quando comparada com a Corisco ou mesmo a Coqueiro. Se compararmos com a Maria Isabel, esta então se mostra mais diferente ainda.
A que se considerar também que os produtores têm privilegiado cada vez mais a padronização por graduações mais baixas. A Salinas por exemplo possuía 45Gl e têm diminuído cada vez mais ao ponto de chegar aos 40% no caso da Salinas "cristalina". Este também é outro fator que limita o uso do termo, alguns produtores estão começando a utilizar madeiras que na região há algum tempo não utilizavam, mais uma vez exemplifico com a Salinas que possui agora uma Cachaça de Carvalho.
Portanto o uso do termo "terroir" deve no caso da Cachaça considerar a madeira da região( Bálsamo-Salinas, Imburana-Januária) o tipo de fermentação e o modelo dos equipamentos de destilação, que numa mesma região podem variar bastante. Complexo e diverso como a Cachaça!
Espero ter contribuído
Thiago Pires