segunda-feira, 28 de julho de 2014

"O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada"


Revelia ( Onde está o Luiz Potter?)
  Em abril de 2013 tive a oportunidade de excursionar pelos Estados Unidos com a Orquestra Revelia que fora convidada pela  universidade de Louisville- KY a fazer palestras sobre música brasileira a partir de nosso primeiro cd : “Músicas para Saudar Jorge Amado”. Este trabalho gravado no ano de comemoração, póstuma, do centenário do autor (2012)- evidencia o universo baiano e o parentesco deste com gêneros de matriz africana relacionados principalmente  ao Candomblé.

     A universidade de Louisville
  Existe um programa de intercâmbio da Universidade de Louisville com algumas universidades brasileiras como a universidade de Brasília e a USP. A universidade possui um programa de pós-graduação em performance de Jazz, o que atrai estudantes de vários países. É importante mencionar que como fruto desta parceria, a universidade conta com um grupo de música brasileira, o Brazil Ensemble.
Segue um trecho de workshop na universidade.


 Os sabores (Tão Perto tão longe)
  A ida à Kentucky remeteu automaticamente ao famoso frango do coronel Sanders (KFC- Kentucky Fried Chicken) e aos  Bourbons. Kentucky é a terra dos Bourbons junto com outros estados como o Tenesse.  

  Infelizmente não pudemos visitar nenhuma destilaria. O cronograma apertado não permitiria um luxo desses que nos tomaria um dia inteiro, sobretudo porque tínhamos o compromisso das apresentações. Ainda assim pude degustar alguns e confesso que gostei.

  O Bourbon
  Não sou um bebedor de Uísque, diria até que não coloco esta entre minhas bebidas prediletas mas do Bourbon gostei. No Nariz notas amendoadas e torradas não muito diferentes de algumas cachaças muito envelhecidas em carvalho e com uma referência ao doce. Na boca, esta referência se concretiza. Em alguns percebe-se também o milho, ou gosto de vegetais cozidos. Os Bourbons que experimentei eram muito mais doces que Uísque e talvez por isso tenha caído no meu gosto. Makers Mark, Wild Turkey, Kentucky Tavern, e um outro em garrafa de dois litros (acho que “Boillet”) foram apreciados nesta viagem. Aos amantes de destilados que tiverem a oportunidade de ir a esta região, recomendo que separem mais tempo para que possam conhecer as destilarias.  Como não visitei in loco, recomendo a navegação virtual prévia pelas páginas das destilarias de Bourbon que são bastante elucidativas.

 A tanoaria é página importante para esta bebida principalmente porque o carvalho utilizado é nativo dos Estados Unidos (Carvalho branco/ Quercus Alba) e bem diferente do europeu. Chama atenção o fato de utilizarem madeira reflorestada para a produção dos barris e nisto pode ser que tenhamos que “aprender” com eles quando se fala do futuro de nossas madeiras nativas para tanoaria. Lembro ainda que alguns produtores de cachaça do Brasil têm importado Barris de carvalho reutilizados de destilarias americanas.
Fotos de arquivo de antigas destilarias norte americanas
 

 Os norte americanos possuem também  “Moon Shine”, à base de milho e que é na verdade o Bourbon sem envelhecimento e atiçou a minha curiosidade. Infelizmente não conheci pessoalmente e faço aqui a solicitação para algum leitor que tenha esta “figurinha” em sua coleção. Um rápido passeio pela web demonstra como a paixão por produzir o próprio destilado é algo muito antigo e forte em outras culturas, e como não poderia deixar de ser, na norte-americana também. Ressalto que por ser uma paixão, por lá também encontramos os "outsiders", clandestinos para alguns, informais como prefiro referir-me. Recomendo aos interessados em Bourbon e Moonshine que visitem o site www.blueridgeinstitute.org/moonshine/index.html onde acharão muito da história destas bebidas


  Como estamos falando de sabores norte americanos não há como deixar de lembrar do milk shake de Bacon do Denni’s e do milk shake de Oreo  (isso mesmo aquele biscoito). Emblemáticos nesta viagem. Segue este vídeo da Revelia analisando um pouco a gastronomia local...rs




  Música
  Algumas coisas chamaram atenção nesta viagerm: a  estrutura da universidade de Louisville é uma delas. Programa recomendável é ir à "Miles Ahead", loja de instrumentos musicais com vários acessórios para instrumento de sopro e ótimo atendimento. A Guitar Center é outro point indispensável.
 Quase no fim de nossa viagem tivemos um presente muito legal. Assistimos à um culto em uma igreja protestante com muita música vocal. Convite de um pianista  amigo do Lolê (nosso multi baterista) estudante da universidade de Louisville .Pudemos presenciar uma das raízes mais fortes da música pop: O gospel. Manhã literalmente abençoada.




  Nossos agradecimentos à:
  Renato Vasconcellos, Mike Tracy, todos os alunos amigos do Lourenço Vasconcellos que se disponibilizaram a ajudar em nossa estadia (Joe, José e tantos que não vou lembrar o nome) sem esquecer dos alunos brasileiros.Aos amigos e fans que de alguma maneira contribuíram para a ida completa da Orquestra nesta empreitada de defesa da música e literatura brasileira (Salve Jorge! Amado).
 E a cachaça?
Provavelmente os defensores da boa e vera branquinha farão a pergunta: mas nada de Cachaça? Esta ficou por lá. Fiz questão de levar alguns exemplares. O que não foi bebido, foi vendido para uma casa que se interessou muito quando disse se tratar de "original taste from small destilarie". Tomaram Juízo fazendo caipirinha com boa cachaça.
  E que o Tio Sam continue querendo conhecer a nossa batucada.