segunda-feira, 6 de março de 2017

Dicas de visita à Alambiques

Dicas de visita à Alambiques




Para melhor aproveitar a farta agenda de feriados deste ano seguem algumas dicas para iniciantes no universo da cachaça. Alguns anos de experiência me fazem compartilhar estas dicas que não são necessariamente um manual mas que seguidos, podem evitar ressacas!

1. Visite o alambique preferencialmente no período de safra



Visitar um alambique é sempre interessante mas visitar um alambique em pleno funcionamento é uma experiência para os sentidos. O período de produção pode variar de região para região. No nordeste é  possível encontrar um engenho alambicando no mês de Janeiro ou fevereiro algo bem improvável na região sudeste por exemplo. Em alguns casos mesmo fora do período de safra o produtor alambica ou para poder fazer o corte de um talhão de cana ou até mesmo para realambicar uma cachaça que por algum motivo julgou não estar “no padrão”.

2. Visite um alambique de uma cachaça que já conhece (experimentou)


Quem estuda o universo da cachaça tem sempre curiosidades sobre a produção de uma cachaça que já bebeu. A roda D’agua da Corisco( Paraty- RJ), os Paróis de Jatobá da Colombina (Alvinópolis- MG), o zelo da Werneck (Rio das Flores- RJ) ou o equipamento Tromba de elefante da Canarinha (Salinas- MG) já são elementos para tentar conhecer de perto aquilo que experimentamos tão longe do alambique.

3. Tem que ser bom para as duas partes


Sabemos que nem sempre dá para viajar durante os dias de semana mas lembramos que um alambique é uma unidade produtora, na maioria das vezes familiar. Parar no domingo pela manhã na porteira de um alambique sem aviso prévio pode ser bem inconveniente. Por estas e outras fique atento à próxima dica.


4. Agende sua visita



Os produtores de cachaça costumam receber apresentando a unidade produtora, falando de sua relação e histórico com a bebida e promovendo uma degustação de suas safras. Os rótulos sempre têm indicações de contato como telefone ou email. Planejar a visita é sempre melhor.

Exemplo: Se você não tiver nenhum contato com as cachaças de Paraty e quiser ter esta primeira experiência, o  já tradicional festival da Pinga de Paraty que acontece sempre na terceira semana de agosto é uma ótima oportunidade porém se você quiser conhecer os alambiques esta pode não ser a melhor época pois os produtores destinam toda sua atenção e produção para abastecer os stands do festival. Já tive a oportunidade de chegar em alambique no festival da pinga e produtor não poder dar muita atenção por estar colando rótulos em garrafas.

Importante: Procure ser atento ao nome das pessoas com quem fala. Falou com o João Luiz da Magnífica ou com o Dimas (seu funcionário há tempos?). Isto é será muito importante quando estiver mais próximo do alambique.


5. Geografia


Poucas coisas nos ensinam tanto a divisão geo-política de nossa cidades quanto a cachaça. É importantíssimo conhecer o nome da localidade, do distrito e em alguns casos da comunidade onde a cachaça é feita. Com isso vamos observar que muitas cachaças de Salinas – MG são de Novo Horizonte e região. Portanto fique atento!

Exemplo: A citada Magnífica, é produzida em Vassouras no estado do Rio de Janeiro mas seu acesso é muito mais fácil pela vizinha Miguel Pereira.

Importante: As distâncias vão se tornando cada vez maiores quanto mais para a região norte -nordeste. Erros de comunicação ou interpretação podem fazer a viagem aumentar quilômetros.

6. Disse que vai, vá!


O produtor rural tem uma rotina pautada pelo trabalho. O fato de seu trabalho ser do lado de casa não quer dizer que sempre possa parar para receber um visitante. Por isso se marcou por telefone ou email (whatsapp tem funcionado muito nos interiores) procure ser pontual. A pontualidade e a palavra são atributos valiosos principalmente no mundo rural. Se disse que vai, vá que eles estarão te esperando. Desmarque apenas em casos extremos (chuva, doença, imprevistos). Como escrito no item 4 geralmente os produtores  se preparam para receber os visitantes.

7. O tempo da roça é outro



Isso mesmo! No mundo rural menos é mais. É muito comum em regiões produtoras existirem dois alambiques  muito próximos. Vai por mim, escolha um visite em um dia e no seguinte visite o outro. Fazer as coisas correndo não tem nada a ver com o ritmo rural e mesmo com o ritmo da cachaça. Imagina que você pode dar a sorte de chegar em um engenho e eles estarem alambicando ou o alambiqueiro pedir para você acompanhar a destilação até o corte da cauda? Meio deselegante um visitante dizer não né?

Os produtores de cachaça costumam ser bons de papo (Maria Isabel em Paraty -RJ, Nando Chaves em Cel. Xavier Chaves só para citar dois emblemáticos) por isso reserve este tempo. A prosa é tão sagrada quanto o brinde. Se puder articular uma hospedagem próximo ao alambique melhor ainda. Dê preferência para o turno da manhã onde o alambiqueiro certamente não terá seu horário de trabalho alterado por conta de sua visita. Se tiver que fazer na parte da tarde vá depois do almoço, mas no fim de tarde (16hs por exemplo) já é fim de jornada de trabalho nesses interiores.  

8. Se beber não dirija mesmo



Evite ao máximo dirigir pós alambique. Se tiver que fazê-lo, prepare-se bebendo menos e se hidratando bastante fazendo posteriormente uma refeição reforçada como um almoço e descansar. Alambique é um ótimo programa, evite ir sozinho até para poder dividir essa responsabilidade com outro motorista.

9. Sempre temos que lembrar de alguém


 Mesmo que esteja com a adega cheia é bom lembrar do item 3. Comprar alguma coisa no alambique é super de bom tom. Se não quiser levar cachaça( como assim?) sempre têm alguma pimenta ou outra coisa que no mínimo será bom para estabelecer uma boa relação com aqueles que já abriram seus barris e estão te recebendo.

OBS. Tenho o hábito de pedir o autógrafo dos alambiqueiros.Recomendo. Isto personaliza a cachaça e valoriza ainda mais o trabalho destes!

10. As Águas vão rolar e temos o dia seguinte né



É bom não exagerar .  As lembranças quando são boas não dão ressaca.     

Boas viagens