Dicas de visita à Alambiques
Para melhor aproveitar a farta agenda de feriados deste ano seguem algumas dicas para iniciantes no
universo da cachaça. Alguns anos de experiência me fazem compartilhar estas
dicas que não são necessariamente um manual mas que seguidos, podem evitar
ressacas!
1. Visite o alambique preferencialmente no período de safra
Visitar um alambique é sempre interessante mas visitar um
alambique em pleno funcionamento é uma experiência para os sentidos. O período
de produção pode variar de região para região. No nordeste é possível encontrar um engenho alambicando no
mês de Janeiro ou fevereiro algo bem improvável na região sudeste por exemplo.
Em alguns casos mesmo fora do período de safra o produtor alambica ou para
poder fazer o corte de um talhão de cana ou até mesmo para realambicar uma cachaça
que por algum motivo julgou não estar “no padrão”.
2. Visite um alambique de uma cachaça que já conhece (experimentou)
Quem estuda o universo da cachaça tem sempre curiosidades
sobre a produção de uma cachaça que já bebeu. A roda D’agua da Corisco( Paraty- RJ), os
Paróis de Jatobá da Colombina (Alvinópolis- MG), o zelo da Werneck (Rio das Flores- RJ) ou o equipamento Tromba de
elefante da Canarinha (Salinas- MG) já são elementos para
tentar conhecer de perto aquilo que experimentamos tão longe do alambique.
3. Tem que ser bom para as duas partes
Sabemos que nem sempre dá para viajar durante os dias de
semana mas lembramos que um alambique é uma unidade produtora, na maioria das vezes
familiar. Parar no domingo pela manhã na porteira de um alambique sem aviso
prévio pode ser bem inconveniente. Por estas e outras fique atento à próxima
dica.
4. Agende sua visita
Os produtores de cachaça costumam receber apresentando a
unidade produtora, falando de sua relação e histórico com a bebida e promovendo
uma degustação de suas safras. Os rótulos sempre têm indicações de contato como
telefone ou email. Planejar a visita é sempre melhor.
Exemplo: Se você não tiver nenhum contato com as cachaças de
Paraty e quiser ter esta primeira experiência, o já tradicional festival da Pinga de Paraty
que acontece sempre na terceira semana de agosto é uma ótima oportunidade porém
se você quiser conhecer os alambiques esta pode não ser a melhor época pois os produtores
destinam toda sua atenção e produção para abastecer os stands do festival. Já
tive a oportunidade de chegar em alambique no festival da pinga e produtor não
poder dar muita atenção por estar colando rótulos em garrafas.
Importante: Procure ser atento ao nome das pessoas com quem
fala. Falou com o João Luiz da Magnífica ou com o Dimas (seu funcionário há
tempos?). Isto é será muito importante quando estiver mais próximo do
alambique.
5. Geografia
Poucas coisas nos ensinam tanto a divisão geo-política de
nossa cidades quanto a cachaça. É importantíssimo conhecer o nome da
localidade, do distrito e em alguns casos da comunidade onde a cachaça é feita.
Com isso vamos observar que muitas cachaças de Salinas – MG são de Novo Horizonte
e região. Portanto fique atento!
Exemplo: A citada Magnífica, é produzida em Vassouras no
estado do Rio de Janeiro mas seu acesso é muito mais fácil pela vizinha Miguel
Pereira.
Importante: As distâncias vão se tornando cada vez maiores
quanto mais para a região norte -nordeste. Erros de comunicação ou
interpretação podem fazer a viagem aumentar quilômetros.
6. Disse que vai, vá!
O produtor rural tem uma rotina pautada pelo trabalho. O
fato de seu trabalho ser do lado de casa não quer dizer que sempre possa parar
para receber um visitante. Por isso se marcou por telefone ou email (whatsapp
tem funcionado muito nos interiores) procure ser pontual. A pontualidade e a
palavra são atributos valiosos principalmente no mundo rural. Se disse que vai,
vá que eles estarão te esperando. Desmarque apenas em casos extremos (chuva,
doença, imprevistos). Como escrito no item 4 geralmente os produtores se preparam para receber os visitantes.
7. O tempo da roça é outro
Isso mesmo! No mundo rural menos é mais. É muito comum em
regiões produtoras existirem dois alambiques
muito próximos. Vai por mim, escolha um visite em um dia e no seguinte
visite o outro. Fazer as coisas correndo não tem nada a ver com o ritmo rural e
mesmo com o ritmo da cachaça. Imagina que você pode dar a sorte de chegar em um
engenho e eles estarem alambicando ou o alambiqueiro pedir para você acompanhar
a destilação até o corte da cauda? Meio deselegante um visitante dizer não né?
Os produtores de cachaça costumam ser bons de papo (Maria
Isabel em Paraty -RJ, Nando Chaves em Cel. Xavier Chaves só para citar dois
emblemáticos) por isso reserve este tempo. A prosa é tão sagrada quanto o
brinde. Se puder articular uma hospedagem próximo ao alambique melhor ainda. Dê
preferência para o turno da manhã onde o alambiqueiro certamente não terá seu
horário de trabalho alterado por conta de sua visita. Se tiver que fazer na
parte da tarde vá depois do almoço, mas no fim de tarde (16hs por exemplo) já é
fim de jornada de trabalho nesses interiores.
8. Se beber não dirija mesmo
Evite ao máximo dirigir pós alambique. Se tiver que fazê-lo, prepare-se bebendo menos e se hidratando bastante fazendo posteriormente uma refeição reforçada como um almoço e descansar. Alambique
é um ótimo programa, evite ir sozinho até para poder dividir essa responsabilidade
com outro motorista.
9. Sempre temos que lembrar de alguém
Mesmo que esteja com
a adega cheia é bom lembrar do item 3. Comprar alguma coisa no alambique é
super de bom tom. Se não quiser levar cachaça( como assim?) sempre têm alguma
pimenta ou outra coisa que no mínimo será bom para estabelecer uma boa relação
com aqueles que já abriram seus barris e estão te recebendo.
OBS. Tenho o hábito de pedir o autógrafo dos alambiqueiros.Recomendo. Isto personaliza a cachaça e valoriza ainda mais o trabalho destes!
10. As Águas vão rolar e temos o dia seguinte né
É bom não exagerar . As lembranças quando são boas não dão ressaca.
Boas viagens