A Tapinuã dos Reis
Tapinuã dos Reis em suas duas versões |
Nas
próximas postagens falaremos da Cachaça Tapinuã dos Reis produzida na
localidade de Bananeiras-Silva Jardim- RJ e sua interessante trajetória
que embora recente têm muito a acrescentar para o universo da cachaça.
No mês de
dezembro de 2016 estivemos no alambique da Tapinuã dos Reis que é capiteaneado pelo
Sr Paulo Vieira e aproveitamos a visita para fazer um experimento com
fermentação. Por isso falaremos um bocado desta etapa crucial para a identidade
da cachaça.
A fermentação é assunto recorrente entre produtores
mas nem sempre considerado pelos apreciadores/degustadores geralmente mais
focados na ponta do processo (armazenamento e envelhecimento/ amadeiramento).
Outro
ponto que tangenciaremos será a realidade da informalidade assunto que ainda é
polêmico e precisa ser considerado não apenas nos termos da legislação mas
sobre a perspectiva dos produtores, afinal eles são os protagonistas do fazer
cachaça.
Esta
postagem tem a colaboração do amigo e confrade (membro da Confraria de Cachaça
Copo Furado do Rio de Janeiro) Paulo Machado que esteve no alambique da Tapinuã
dos Reis comigo e se lançou a pesquisar, registrar com fotos e "arregaçar
as mangas" viabilizando a postagem e nosso experimento com fermentação.
Ressalto
que na reunião aberta da Confraria de Cachaça Copo Furado do mês de maio o Sr
Paulo Vieira, rebatizado “Paulo da Tapinuã” passará pela cerimônia de Cananização
já que fora eleito nas últimas indicações para membros da Copo Furado.
Além de
amigo, Paulo da Tapinuã passa a ser um irmão na cachaça, um Confrade.
Algo a
coroar ainda mais seu trabalho e amor pela nossa tão estimada bebida.
Com
licença aos demais leitores, Paulo da Tapinuã:
“Unidos Beberemos Sozinhos Também”
Uma breve retrospectiva
No ano de
2008 tive a oportunidade de promover um workshop patrocinado pela Cachaça
"Bendita" de Dona Euzébia- Cataguazes- MG, da qual fui representante
no Rio de Janeiro, chamado “Bate Papo, Bota Pinga” onde além de orientar a
degustação da Bendita, apresentava as principais diferenças da cachaça de
alambique para a cachaça de coluna e as etapas de produção de cada tipo.
Dentre os
presentes estava o Sr Paulo Vieira que vez ou outra apresentava uma pergunta de
cunho prático surpreendendo a mim e aos demais presentes. Na época Paulo
tinha acabado de montar seu alambique e estava começando as primeiras
destilações.
Passado
algum tempo (2009) o Sr Paulo Vieira começou a frequentar as reuniões da Confraria
de Cachaça Copo Furado, grupo do qual sou membro. Lá estava o Sr Paulo buscando
novidades, informações e sobre tudo aprimorando seus conhecimentos.
Nessa
ocasião que pude experimentar pela primeira vez sua cachaça, a Tapinuã dos
Reis. Lembro-me que na ocasião foram levantados inúmeros elementos que poderiam
ser melhorados na sua cachaça.
Paulo
Vieira acolheu as críticas, buscou assessoria técnica especializada e foi aos
poucos transformando aquele produto com muito carinho.
Até aí
nada muito diferente de várias histórias de cachaça se não fosse a inquietude
de seu produtor.
O Pulo do Gato ou um pulo muito alto para um Gato?
Em 2010
Paulo da Tapinuã resolve inscrever um exemplar de sua safra no IV Concurso de
Avaliação da Qualidade da Cachaça promovido pelo Instituto de Química da
Universidade de São Paulo, a USP, detentora de um dos melhores laboratórios de
análise química para cachaça do país.
Obtém a
medalha de prata no concurso (segundo lugar).
O que é
interessante é que a Cachaça Tapinuã dos Reis até então não tinha selo do MAPA
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Isto mesmo, a cachaça
tirou o segundo lugar em um concurso de âmbito nacional, estava quimicamente e
sensorialmente pronta, mas legalmente não poderia ser comercializada.
Este
resultado apontava para realidade das cachaças sem registro no MAPA e a possibilidade
destas apresentarem qualidade química e sensorial.
O Tiro que Saiu pela Culatra
A partir deste momento Paulo da Tapinuã tinha um dilema: Alguns mil
litros de cachaça de qualidade que não podiam ser vendidos. Como escutei dele
certa vez: "Cachaça é um líquido que não tem liquidez". Imagina!
De 2010 a 2016 Paulo da Tapinuã procurou adequar seu
alambique às exigências do MAPA e pode-se dizer que foram seis anos de muita
persistência (pra não dizer teimosia), paciência e dedicação que foram coroados
no final de 2016 com a aprovação de suas instalações pelo MAPA.
Foi no clima de "menino que passa de ano" que fomos ao seu alambique
em um chuvoso 14 de dezembro de 2016.
Se quer conhecer ainda mais a cachaça e esta história, não perca a próxima postagem!
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