terça-feira, 2 de maio de 2017

A Tapinuã dos Reis

A Tapinuã dos Reis


Tapinuã dos Reis em suas duas versões


Nas próximas postagens falaremos da Cachaça Tapinuã dos Reis produzida na localidade de  Bananeiras-Silva Jardim- RJ e sua interessante trajetória que embora recente têm muito a acrescentar para o universo da cachaça.

No mês de dezembro de 2016 estivemos no alambique da Tapinuã dos Reis que é capiteaneado pelo Sr Paulo Vieira e aproveitamos a visita para fazer um experimento com fermentação. Por isso falaremos um bocado desta etapa crucial para a identidade da cachaça.
 A fermentação é assunto recorrente entre produtores mas nem sempre considerado pelos apreciadores/degustadores geralmente mais focados na ponta do processo (armazenamento e envelhecimento/ amadeiramento).

Outro ponto que tangenciaremos será a realidade da informalidade assunto que ainda é polêmico e precisa ser considerado não apenas nos termos da legislação mas sobre a perspectiva dos produtores, afinal eles são os protagonistas do fazer cachaça.

 Esta postagem tem a colaboração do amigo e confrade (membro da Confraria de Cachaça Copo Furado do Rio de Janeiro) Paulo Machado que esteve no alambique da Tapinuã dos Reis comigo e se lançou a pesquisar, registrar com fotos e "arregaçar as mangas" viabilizando a postagem e nosso experimento com fermentação.

Ressalto que na reunião aberta da Confraria de Cachaça Copo Furado do mês de maio o Sr Paulo Vieira, rebatizado “Paulo da Tapinuã” passará pela cerimônia de Cananização já que fora eleito nas últimas indicações para membros da Copo Furado.
Além de amigo, Paulo da Tapinuã passa a ser um irmão na cachaça, um Confrade.
Algo a coroar ainda mais seu trabalho e amor pela nossa tão estimada bebida.   

Com licença aos demais leitores, Paulo da Tapinuã:
 “Unidos Beberemos Sozinhos Também”

Uma breve retrospectiva


No ano de 2008 tive a oportunidade de promover um workshop patrocinado pela Cachaça "Bendita" de Dona Euzébia- Cataguazes- MG, da qual fui representante no Rio de Janeiro, chamado “Bate Papo, Bota Pinga” onde além de orientar a degustação da Bendita, apresentava as principais diferenças da cachaça de alambique para a cachaça de coluna e as etapas de produção de cada tipo.

Dentre os presentes estava o Sr Paulo Vieira que vez ou outra apresentava uma pergunta de cunho prático surpreendendo a mim e aos demais presentes.  Na época Paulo tinha acabado de montar seu alambique e estava começando as primeiras destilações.

Passado algum tempo (2009) o Sr Paulo Vieira começou a frequentar as reuniões da Confraria de Cachaça Copo Furado, grupo do qual sou membro. Lá estava o Sr Paulo buscando novidades, informações e sobre tudo aprimorando seus conhecimentos.

Nessa ocasião que pude experimentar pela primeira vez sua cachaça, a Tapinuã dos Reis. Lembro-me que na ocasião foram levantados inúmeros elementos que poderiam ser melhorados na sua cachaça.

Paulo Vieira acolheu as críticas, buscou assessoria técnica especializada e foi aos poucos transformando aquele produto com muito carinho.

Até aí nada muito diferente de várias histórias de cachaça se não fosse a inquietude de seu produtor.

O Pulo do Gato ou um pulo muito alto para um Gato?

Em 2010 Paulo da Tapinuã resolve inscrever um exemplar de sua safra no IV Concurso de Avaliação da Qualidade da Cachaça promovido pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo, a USP, detentora de um dos melhores laboratórios de análise química para cachaça do país.

Obtém a medalha de prata no concurso (segundo lugar). 

O que é interessante é que a Cachaça Tapinuã dos Reis até então não tinha selo do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Isto mesmo, a cachaça tirou o segundo lugar em um concurso de âmbito nacional, estava quimicamente e sensorialmente pronta, mas legalmente não poderia ser comercializada.

Este resultado apontava para realidade das cachaças sem registro no MAPA e a possibilidade destas apresentarem qualidade química e sensorial.

O Tiro que Saiu pela Culatra 


A partir deste momento Paulo da Tapinuã tinha um dilema: Alguns mil litros de cachaça de qualidade que não podiam ser vendidos. Como escutei dele certa vez: "Cachaça é um líquido que não tem liquidez". Imagina!

 De 2010 a 2016  Paulo da Tapinuã procurou adequar seu alambique às exigências do MAPA e pode-se dizer que foram seis anos de muita persistência (pra não dizer teimosia), paciência e dedicação que foram coroados no final de 2016 com a aprovação de suas instalações pelo MAPA. 

Foi no clima de "menino que passa de ano" que fomos ao seu alambique em um chuvoso 14 de dezembro de 2016.
Se quer conhecer ainda mais a cachaça e esta história, não perca a próxima postagem!

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