Do museu voamos
com um Tiziu para conhecer um Sabiá. Tito Moraes foi uma espécie de tutor em
terras salinenses. Quebrou alguns galhos como oferecer carona, passar dicas
sobre a cidade, arrumar credencial para o festival e até mesmo me recomendar a
Cléber e Geraldo Santiago viabilizando minha visita ao alambique da Havana. Foi
o receptivo que você respeita!
Eu e Tito Moraes da Cachaça Tiziu |
Rumamos para o engenho do Sr Xavier, seu parceiro na produção da cachaça Tiziu. Ainda no carro
Tito me contou sobre sua relação com Salinas e seus produtores de cachaça. A primeira viagem ainda em 2002.
Depois com o advento dos festivais prestigiando o evento anualmente e saindo
sempre de carro de Niterói- RJ.
Numa prosa
chacoalhada pela estrada de terra voltou no tempo desde que se atentou à
cachaça em um trabalho de campo em Rubelita no norte mineiro, com a
cachaça de um pequeníssimo produtor. Conversamos
sobre o quanto sua área de formação (engenharia florestal) foi importante para
seu trabalho com cachaça na Tonel e Pinga, hoje “Rei da Cachaça”, a maior
distribuidora de cachaças de alambique do estado do Rio de janeiro.
A Sabiá de Sr. Xavier |
Agora à frente
da Tiziu, contou-nos como certa feita chegou no alambique do Xavier da Sabíá e o
mesmo estava alambicando. Resultado, paixão a primeira vista. Daí pra frente virou
sócio de Xavier. Se a parceira está dando certo? Em um ano conseguiram a medalha
de ouro na Expocachaça na categoria
prata, com a bela, “Tiziu Virgem”.
Segundo Tito além da qualidade da cachaça
feita por Xavier outro elemento determinante para a parceria com o homem da
Sabiá é a humildade e simplicidade do salinense. Chegando a fazenda pude
perceber estes atributos de Xavier. Pessoa simples, bem humorado e muito acolhedor
com os visitantes.
Eu, Xavier, Tito e Patrícia |
Xavier herdou a
marca Sabiá da família reerguendo o nome da Sabiá e assim como vários
produtores de Salinas transformou o vínculo afetivo com a cachaça em sua
principal ocupação.
Sua casa é o
primeiro passo para quem quer chegar a seu alambique. Pães de queijo na mesa e
mais gente chegando curiosa para conhecer a cachaça medalha de ouro da
expocachaça (categoria prata).
Fachada da casa de Sr. Xavier |
Salinas
apresentou ao Brasil o Bálsamo. Muitas vezes vejo comentários depreciativos em
relação à madeira e mesmo algumas marcas da região mas devo salientar que todo
o sucesso da cachaça de Salinas se deve ao fato de terem criado uma identidade
a partir de algo que é incontestavelmente deles, o Bálsamo do norte de Minas. Algumas cachaças
como a Lua Cheia, com menos intensidade da madeira, outras como a Canarinha que
não deixa dúvida da madeira, mas uma coisa é fato: os ícones de Salinas passam
pelo Bálsamo.
Sempre tive
curiosidade de experimentar uma cachaça branca de Salinas. A Terra de ouro,
cachaça da qual falaremos mais tarde, foi a primeira em investir em algo
diferente, lançando no mercado um produto armazenado em tanques de inox, e
sensacional. Certamente o grande mérito
de Tito com a Tiziu foi apostar em sua identidade. Uma cachaça branca sem
amadeiramento algum com 47°GL e muita autenticidade. Para quem acha que a
inovação para aí, Tito apresenta suas versões em Jaqueira , Jequitibá e o
tradicional...Bálsamo! Quem vê a fermentação de Xavier consegue entender melhor
os atributos desta cachaça.
Os outros
visitantes são Patrícia e Leandro da garrafaria Acqua Mineira, e o Sérgio da cachaça
“Obra de Arte” de Salinas. Entre perguntas e respostas de Xavier, Tito e Dil (o
alambiqueiro) temos o privilégio de ver sair o coração da Tiziu espalhando um
cheiro doce no ar e salivando a boca dos presentes.
Pergunto ao
alambiqueiro se tivera feito algum tipo de curso de produção de cachaça. Ele
responde que sim e que já alambicava de família sempre procurando seguir as determinações de Xavier. Esse mais
um dos atributos: Inovação com tradição!
Uma prosa no
quintal da casa de Xavier, tira-gostos feitos por sua esposa, Dona “miúda” regados
a Sabiá e Tiziu. Foi assim que a Sabiá do Sr Xavier se transformou no primeiro
alambique que visitei em Salinas. O primeiro agente não esquece mesmo!
“...e tendo o coração vazio
Vivo assim a dar psiu, (ou
tiziu?)
Sabiá vem cá também!
Eu e Sr Xavier da cachaça Sabiá. Foto gentilmente cedida por Patrícia |
Tito Moraes que
tantas vezes acompanhou minhas manhãs de sábado em suas tradicionais
degustações em Niterói me acompanhava assim num sábado em Salinas apresentando
um Sabiá, que de tão afetuoso, me fez lembrar meu pai que sempre criara o
bichinho. Pela autenticidade de Sr Xavier e sua cachaça, poucos animais nativos
poderiam tão bem representar-lhe e poucas cachaças poderiam tão bem representar
a simples riqueza do pássaro. Salve o Tiziu, salve o Sabiá!
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