Acordo com um
cansaço e uma fome arrebatadores. O corpo e principalmente os sinos da face
avisando que no ritmo do dia anterior, hoje não! Já que a carcaça mandou,
melhor obedecer. Um café reforçado muita água com um pouco de prudência não faz
mal a ninguém. Um contato com Patrícia e Leandro da Acqua Mineira e tudo certo
para uma carona ao primeiro alambique do dia: o da cachaça Terra de Ouro.
A Terra de Ouro
Um dos Alambiqueiros da Terra de Ouro |
A Terra de Ouro
se diferencia das demais marcas de Salinas principalmente por ser fruto do
trabalho de produtores de cana unidos em cooperativa que acharam na produção de
cachaça uma maneira de unir seu trabalho agregando valor.
A cooperativa
existe desde março de 2002 e seu responsável o Sr Gilmar Freitas em pouco tempo
demonstra ser bom de papo, de produção de cachaça e de conta (impostos,
legislação, preço de garrafa, frete...). Pouca vezes vi alguém saber as "ST"(substituição tributárias) de cada estado, impressionante!
Sr Gilmar Freitas, presidente da Cooperativa Terra de Ouro |
Por ser um domingo o alambique
estava fechado e mesmo do lado de fora do engenho o cheiro do fermento vivo. Para
se ter um ideia da produção da Terra de Ouro:
A produção média é de 180 mil
litros
Exportam com o nome de Terra de
Ouro para a Alemanha e Itália
A cooperativa possui 108
cooperados
Cada alambicada produz em torno
de 150 litros
São uma cooperativa de produtores
de cana
A cooperativa que produz a
cachaça Terra de Ouro
Sr Gilmar nos
conduz até o alambique. Dois equipamentos de cobre com coluna e pratos com
capelo. Não utilizam deflegmador e segundo seu alambiqueiro isto dá um paladar muito rico e diferenciado
em relação às demais de Salinas. A disposição dos alambiques chama atenção pois
toda a volta da água de refrigeração ocorre com canos suspensos. Como apontei anteriormente, a Terra de Ouro
foi a primeira cachaça de Salinas com registro a ser vendida prata, pura,
cristal, armazenada em tonéis de aço inox.
A fermentação
estava com as leveduras sendo reforçadas mas mesmo assim era possível observar sua
ativa movimentação. Conversando com o alambiqueiro ele me mostra dois
fermentos, um já elaborado com milho, sendo reforçado com o aumento gradual do
brix e outro feito somente de caldo de
cana, que segundo ele, demoraria um pouco
mais que o de milho, mas de sabor diferenciado.
Um dos alambiques da Terra de Ouro |
Enquanto
conversávamos chega um caminhão com cooperativados trazendo cana, e ali mesmo
pudemos experimentar o caldo de cana da Terra de Ouro. Início de safra e uma
cana com 22 graus brix. Um delícia sobretudo servido com um harmonioso limão
galego.
A estrutura da
produção é simples, muito limpa e organizada e após dizermos que estivemos na
produção da cachaça Salinas Sr Gilmar reforça: “...aqui vocês não ver aquela estrutura não...”.
De fato o tamanho não é o mesmo mas o conhecimento de cachaça e o produto fica
à altura da conterrânea.
É interessante que no local da produção da
Terra de Ouro ficou muito perceptível a diferença de temperatura em relação à
Salinas. Novo Horizonte fica mais no alto e mesmo de dia é fácil sentir frio
por conta de uma brisa que sempre sopra pelo menos quando lá estive (julho).
Da produção
rumamos de carro para o envase que ocorre em outra localidade. Mais uma vez um
imenso galpão de estrutura limpa, organizada e bem planejada. A cooperativa não
produz só a Terra de Ouro. Portanto parte de sua produção já é encomendada por
produtores locais que são clientes de longa data e já possuem as próprias
dornas dentro da adega da Terra de Ouro.
Conversando sobre
vendas, impostos, política digo ao Sr Gilmar que conheci a Terra de Ouro em uma
antiga feira do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário, período Lula/
Dilma) que ocorria na marina da Glória, no Rio de Janeiro. Sr Gilmar diz que
certamente foi ele que me serviu a primeira Terra de Ouro pois ele que
participou de todas as edições e relembra com entusiasmo o sucesso nessas feiras
em uma época que nem cartão de débito a maioria usava. Ele arremata, : “ ...na
última feira servi cinco mil doses de Terra de Ouro...”!
Junto à um dos Tonéis da Terra de Ouro |
Uma cachaça
sensacional da qual, se já era fã, virei seguidor e mais admirador ainda
principalmente pela organização e por mostrar que mesmo os pequenos podem estar
na cena da cachaça através da força da coletividade.
Parada para um
almoço em um chalé num dos pontos mais altos da cidade. Visual legal, muitos
apreciadores de diferentes locais do Brasil, Chopp de qualidade e ...um chef de
cozinha apresentando um leitão à pururuca. Por incrível que pareça eu ainda sem
beber neste dia. Foi assim que de lá rumamos para a Sabinosa de Sr Sabino.
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